MEU AMIGO POLÍTICO
Devo retroceder algumas décadas, por sinal, muitas décadas. Justamente porque eu ainda criança. (andava ainda de calça curta) No meu bairro, um dos meus amigos era o Joca, garoto pobre, muito pobre mesmo! Talvez fosse o seu anseio aprender na rua, possibilitasse ser completamente esperto nesse viver nosso, que às vezes não existe uma definição completa em como aprender viver. Interessante que as malícias do mundo não o transformou em monstro humano, como muitos conseguem ser, ele se apegou cada vez mais gostar do ser humano. Coloco o talvez outra vez na definição de que essa intensa vontade em amar, seja porque apesar da pobreza, ele desde o seu nascer estava rodeado de pessoas também com intensa vontade de amar, um amor incondicional.
Eu observava o Joca na longa estrada da vida, sua infância, lógico com muitas travessuras, no seu envolvimento com as pessoas, o colocava sempre na liderança. Na sua juventude, explodiu o anseio em cuidar muito dos semelhantes, começou sua epopeia em amparar os mendigos que andavam sem rumo, Joca arrumava um jeito de começar ajudando desde o começo, o banho nessas criaturas, visivelmente sujas nos seus corpos e com certeza nos íntimos da alma carregados de cicatrizes profundas.
Nos seus caminhos ele conseguia até um jeito em alimentar essas pessoas famintas, não sei como, meio impossível de saber porque ele continuava pobre. Alguns seres humanos conseguem isso, chega a ser uma coisa irreal, mas depois compreensível porque estamos nesses caminhos que se chama vida e fazemos parte também do sobrenatural, quando o ser humano abraça o amor, faz a diferença.
Passando a fase da infância, da juventude, Joca na fase adulta, conseguia proezas, até que nas outras fases ele sempre fora sensacional pelos seus feitos, mas é que na fase adulta ele ampliava seu jeito em ajudar seus semelhantes, ordem tão infalível ditada no livro sagrado, o segundo mandamento: - amar o semelhante como a ti mesmo. Fazendo isso já está realizando também o necessário nesse caminhar da vida.
Voltando ao nosso personagem, quando voltei a ter notícias dele, ele já estava em outra cidade, (vou ocultar o nome) continuava com suas proezas fenomenais, porque tornou-se prefeito, aí não teve jeito, ajudava todos até mesmo de qualquer jeito. Venceu o mandato, eleito novamente. Seus adversários afloravam em derrubá-lo. Mesmo assim conseguiu ir até o fim como mandante.
Um dia, ele sentado nos seus aposentos tranquilamente, foi afrontado abruptamente pela polícia:
-- está preso, “tem direito em ficar calado” “tudo que disser agora aumentará consideravelmente sua culpa.” E outras citações mais que se escuta de certas “autoridades”.
Joca foi preso, não ia adiantar mesmo o seu amplo recurso na oratória.
Acusado de corrupção aqui, corrupção ali, foi embanando a situação do Joca. A única definição era, que ele nesse quesito em ajudar, algumas ajudas eram contra a lei, seus assessores não foram eficientes, corria muita coisa pro baixo do pano sem que ele percebesse.
Veio o julgamento o advogado de defesa foi fenomenal, mas que advogado! O homem em defesa não tinha pra ninguém. Comprovou que até que prove em contrário, Joca era inocente, comprovou até que ele ainda não possuía riqueza.
Meu amigo foi solto e hoje em dia leva sua vida tranquilamente, apenas me dizendo sempre:
--- você tem que escreve um livro para contar essa minha vida...